sexta-feira, 28 de março de 2014

Pé-de-Ferro, o artilheiro que deixou sua marca nos campos de Joinville e região

Aposentado, Arriola não se desligou nunca do futebol, e hoje é secretário da Associação Atlética Serrana


Rogério Souza Jr./ND

Tímido, Arriola continua de alguma forma ligado ao futebol, e só lamenta não ter um descendente também apaixonado pelo esporte para continuar escrevendo esta história de amor


Na juventude, Aloísio Arriola infernizava os beques, deixando a marca de artilheiro por onde passasse. Era, então, o Pé-de-Ferro, apelido herdado do pai Abílio, zagueiro respeitado. Hoje, aos 65 anos, aposentado, Aloísio continua ligado ao futebol, como secretário da diretoria da Associação Atlética Serrana. “Ficaram muitas boas lembranças do tempo em que jogava. Fui artilheiro por onde passei, fiz amizades e hoje acompanho tudo fora das quatro linhas”, diz, mostrando algumas fotos dos tempos de Pé-de-Ferro.
Terceiro de quatro irmãos, Aloísio mal conheceu os pais, falecidos quando ele tinha dois anos. Foi criado pelos tios, a quem sempre considerou pai e mãe. Vivendo no Bucarein, o que não faltava era lugar pra brincar e jogar bola. “Tinha um campinho onde hoje é o Operário, na rua São Paulo, nosso preferido. Também jogava nos campos do Estrela e do Santos, na avenida Cuba, de onde vi saírem craques como Correca, Piava e Fontan.” Seu pai, Abílio, ganhara o apelido Pé-de-Ferro pela determinação com que disputava as divididas, defendendo os alvinegros Caxias e Figueirense. “Quando parou de jogar, meu pai foi diretor e várias vezes técnico interino do Caxias, onde ficou 25 anos.”
Depois de fazer o primário no Colégio Rui Barbosa, Aloísio foi para o Colégio Agrícola de Araquari e, em 1968, formou-se técnico pela Escola Agrícola de Camboriú – ainda que jamais tivesse exercido qualquer função na área agrícola, como se verá a seguir.


Reprodução/ND

Em 1969, jogando pelos aspirantes do América, Pé fez o gol da vitória sobre o Caxias, na preliminar dos times principais de Gualicho e Galo, no Ernestão. Em pé, da esquerda: dr. Cassou, Cabeção (filho de Cocada), Badeco (irmão do craque da Portuguesa), Miltinho, Mauro e Djalma; agachados: Hélio, Pé, Sete, Edson, Barra Velha e Josias


Do Gualicho para o Galo

Foi nas peladas, pelos campinhos do Bucarein, que Aloísio angariou o prestígio que levou o Caxias a convidá-lo para os juvenis. Jogava com a 9 do Gualicho quando conseguiu o primeiro emprego, na Lepper Veículos, revendedora Volkswagen (sucedida pela Delta). Formado pela escola de datilografia de Nelson de Miranda Coutinho, foi trabalhar na área contábil-administrativa.
Ao estourar a idade no juvenil do Caxias, foi-lhe oferecido contrato no profissional. Não topou. “O Piava, o Emílio e o Mazico assinaram, mas eu não quis, pois o salário na revenda era melhor.” A essa altura, já carregando o mesmo apelido do pai, Aloísio preferiu ficar jogando pelo time da Levesa (Lepper Veículos S. A.) no campo e pelo Guarani no salão.
Foi quando surgiu um conflito familiar: “Curt Meinert, então presidente do América, me convidou para jogar lá, oferecendo um bom contrato. Quando contei em casa, meu pai, caxiense fanático, ficou uma fera e disse que eu podia arrumar a trouxa. Meu irmão Perácio acabou convencendo-o, e logo ganhei a camisa 9”.
Profissionalizado, Pé-de-Ferro ficou três anos no Galo da zona Norte. Em 1970, balançou ante nova oferta. “Fui convidado para trabalhar e jogar na Tigre.” Convite aceito, reverteu de categoria para o amador e foi para a Tigre. “A estreia – lembra – foi num festival promovido pelo Baependi, em Jaraguá. O técnico Alírio de Lima me deu a camisa 9 do titular, que era o Jura (Jurandir Moreira, sambista falecido em 2011). Fiz três gols e ganhei a posição.”
Pé disputou diversos campeonatos pela Tigre, ganhou títulos, foi artilheiro e só interrompeu a carreira em 1971, com os ligamentos do joelho estourados. “Naquela época – acentua – não havia tantos recursos como hoje. Foi um ano de sofrimento, me tratando aqui, em Curitiba, em Criciúma e até em São Paulo, com o Mário Américo, massagista da Seleção.” Recuperado, jogou até 1973 na Tigre, conquistando o tricampeonato da Primeirona. Ainda jogou um ano pelo Ferroviário de Corupá e outro pelo Botafogo de Jaraguá, até pendurar definitivamente as chuteiras, oprimido pelo joelho baleado. Não deixou um Pé-de-Ferro 3º: “Só tenho uma filha e um neto de 16 anos que não quis saber de bola”. Há oito anos, assumiu a secretaria da Serrana e também frequenta o Juventus do Iririú, onde tem muitos amigos.

Perfil sugerido pelo leitor Roberto Dias Borba
Publicado em 26/03/14-11:44